domingo, 29 de setembro de 2013

Para começar bem a semana: uma canção pela vida e pela solidariedade.

Na tarde de sábado tive uma experiência indescritível. Aconteceu o MusiCAPS, em Lajeado, na sua III edição. Estiveram presentes uma série de serviços de diferentes municípios do estado. Trabalhadores em saúde, comunidade e usuários dos serviços juntos, cantando a boa música, convivendo, partilhando experiências e sobrevivendo às angústias que estão em torno da vida de todos nós, mas para alguns mais que outros (talvez). Vi e ouvi coisas que ficam na minha memória para sempre. Vi um grupo de homens, todos com mais de 18 anos, cantando à plenos pulmões o amor pela vida e a vontade de vencer suas fraquezas. Estavam acompanhados de 5 anjos que dedicam suas vidas à recuperação dos dependentes químicos. Luana, Rosângela, Raquel, Mário e Inge são os anjos. Aplausos a estas criaturas e aplausos ainda maiores aos rapazes que perseveram e lutam a boa luta pelo "só por hoje". Vi o pessoal de Teutônia cantando e revi meu amigo Clóvis declamando uma poesia reverenciado a história heroica do Rio Grande. São heróis os que frequentam a Casa Mental e seguem suas vidas de brilho. Vi o pessoal dos nossos serviços de Lajeado e a maravilhosa interação que proporcionam com a MÚSICA. Maluco in Concert... Sim Pra Vida... Emocionante. Vi os pagodeiros de São Lourenço do Sul, da banda Sistema Nervoso... que nome, que lindo nome, apropriadíssimo.... Fizeram um show que levantou todo mundo no final das apresentações. Até eu dancei, veja só. Mas, entre todos que vi, entre tantas emoções, queria destacar o cantar de um rapaz que agora esqueci o nome (que lástima), mas que frequenta o CAPS AD Passarela, de Sapucaia do Sul. Ele tem 33 anos, mas o corpo sofrido lhe dá mais de 40. Magro, esquálido, combalido, cantou de um jeito que me lembrou canções de Bob Dylan. Compôs e cantou a música "Menina Branca". O branca remete à droga, à pedra de crack. Cantou de uma forma de arrepiar, da sua dependência, do seu amor doentia pela menina branca, que lhe corrói, que lhe acaba as forças, que lhe tira as esperanças e que lhe consome o mínimo de dignidade. Cantou a luta para libertar-se dos encantos sinistros da menina branca, que lhe causam o êxtase e a dor. Que lhe tiram o fôlego e, por fim, a vida. Se diz liberto deste amor, que está em outra vibe, em outro espaço, mas chorou neste ponto, abriu sua alma que deu vontade de ir ali, naquele momento, e abraçá-lo e dizer "meu irmão, você não está sozinho". Foi aplaudido, foi acolhido e queira Deus que tenha forças para suportar todas as angústias que a privação lhe causa. Sábado foi um dia tenso, um dia de luzes, de emoções e de esperanças. E, também, de sombras, de medos frente aos desafios que temos pela frente, hoje, amanhã e sempre. Como vencer? Postei no twitter, no sábado e repito agora... "não hesite em abraçar um irmão, é importante para ele, e para ti". Isso muda mundos. A solidariedade, o amor, mudam o mundo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Me inspirem os cantos de todas as almas
e que seja assim por que tem que ser
e me façam o bem por que mereço o bem
e em frente, horizontes vagos, nuvens
o céu mais estrelado da noite mais limpa
o dia mais claro da história da vida
sonhos...

sábado, 14 de setembro de 2013

Quando a droga vence uma batalha

O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Nossa região está entre aquelas que têm maiores índices, em termos nacionais. Uma série de ações visam enfrentar este problema crônico, de causa multifatorial. Pois, neste mesmo dia 10, o consumo de drogas e, especificamente, do crack, teve uma vitória sobre todos nós, ao provocar uma morte por suicídio aqui em Lajeado. Um jovem de 29 anos tirou sua própria vida, possivelmente consumido pelo desespero de não suportar sua situação de dependência. Ele estava abstêmio a 25 dias mas sucumbiu. O rapaz era acompanhado no Ambulatório Municipal de Tratamento da Dependência Química, estava vinculado, sentia-se bem, animado com o quase um mês limpo. Sentia-se acolhido pela equipe dedicada que trabalha sob a coordenação da psicóloga Josiane Hilgert. Mas, pelas coisas não ditas, no silêncio de seu sofrimento, no ato mais extremo, a tragédia se consumou. Na sua carreira de consumidor de drogas foram 45 as internações. Isso mesmo, 45! Muitas delas foram compulsórias. Na rebeldia do vício, fugia, recaía, se arrependia, internava novamente e nesta ciranda sua vida se esvaía no sofrimento de todos (as) as pessoas que lhe conheciam e que torciam pela sua recuperação. À cada internação a esperança de que dessa vez o desfecho seria outro. Mas a droga é poderosa nos seus falsos encantos. Destrói resistências, aniquila o espírito, silenciosamente. Por momentos de alívio, vidas em vão. Toda guerra é feita de batalhas. Há vitórias e derrotas. Nessa semana perdemos uma das batalhas. Um símbolo para lembrarmos de quão dura é a jornada. Mas a boa luta é aquela que vale a pena e resgatar vidas é uma missão que ultrapassa a compreensão da maioria de nós. Meu profundo respeito à todos aqueles que dedicam sua vida no combate verdadeiro à dependência química. Não esmoreçam, persistam. À sociedade fica a mensagem do quanto o problema é sério. Nossa cidade têm várias ações efetivas contra das drogas, já de há muitos anos. Perdemos uma vida. Nos condoemos na derrota mas, ao mesmo tempo, sacudimos as dores e seguimos nas batalhas do dia a dia. Haverão vitórias, com certeza.