A situação do acesso às mamografias na região
da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde
A
nossa Regional de Saúde, que compreende 42 municípios, com 365 mil habitantes,
tem atualmente contratadas 965 mamografias bilaterais de rastreamento mensais.
Os prestadores contratados são o Hospital Santa Terezinha, de Encantado, com
200 exames mensais, o Hospital São José, de Arroio do Meio, com 71 exames, o
Hospital Leonilda Brunet, de Ilópolis, com 150 exames, a Clínica Imagem, em
Estrela, com 80 exames, o Hospital Ouro Branco, de Teutônia, com 264 exames, e
o Hospital Bruno Born, com 200 exames. Estes exames são distribuídos
equitativamente entre os municípios, segundo a sua população. Temos em processo
de contratação mais um prestador, em Taquari, que ofertará mais 300 exames.
Teremos então um total de 1.265 exames mensais. Segundo os critérios do
Instituto Nacional do Câncer (INCA), considerando as mulheres com 40 anos ou
mais da região, temos uma necessidade de 1.700 exames mensais. Portanto, já
alcançaremos, pelo SUS quase 75% da necessidade regional e, se levarmos em
conta que há um grupo razoável de mulheres que fazem seus exames via planos de
saúde, ou mesmo de forma privada, a região está bem assistida.
A
oferta de exames está crescendo nos últimos anos. Há cerca de 5 anos, nossa
região não tinha mais do que 80 exames mensais. Em julho deste ano, foram
efetivamente realizadas 890 na região e 24.906 no estado. No primeiro semestre
deste ano, foram 5.032 mulheres as mulheres da região que fizeram o exame e
145.165 no estado. Para termos uma ideia da expansão, em 2010 a região fez
8.049 exames e em 2011 foram 10.036. Se as expectativas se confirmarem, este
ano poderemos chegar a 11.580 e em 2013, com o novo prestador, a mais de 15.180
exames. Isto impactará positivamente a detecção precoce do câncer de mama, sem
dúvidas.
O
exame de mamografia bilateral de rastreamento é fundamental para identificar
precocemente o câncer de mama. A mulher, antes de tudo, deve conhecer o seu
corpo e para isso deve realizar a autopalpação das mamas. O ideal é que ela se
informe com profissionais de saúde, nas Unidades Básicas de Saúde ou no
profissional privado ou conveniado de sua preferência. Ela receberá informações
de como proceder. Mas o autoexame não é suficiente, pois não é possível
detectar nódulos muito pequenos. Por isso, o exame se torna tão importante,
permitindo identificar qualquer sinal o mais cedo possível e, com isso, subsidiar
os encaminhamentos necessários no tratamento, à critério do médico.
A incidência do câncer em nossa região é alta?
Sim, o câncer tem alta incidência na região. Considerando
todos os óbitos que aconteceram e todos os tipos de câncer, no Rio Grande do
Sul, em 2010, morreram 77.985 pessoas e destas 16.551 (21,2%) foram por câncer.
Na região da 16ª CRS, neste mesmo ano morreram 2.484 pessoas e destas 518
(20,8%) por câncer. Este percentual vem aumentando. Isto se explica por que
hoje conseguimos aperfeiçoar os diagnósticos, por um lado, e temos uma
população que cada vez vive mais e, na população mais idosa a frequência de
câncer aumenta, tendo em vista a degeneração biológica natural. A expectativa
de vida do gaúcho em breve será de 80 anos, enquanto que em 1980 não passava de
58 anos. Pagamos um preço por viver mais e, o que precisamos então, é que este
processo de envelhecimento seja o mais bem sucedido possível, com qualidade,
sem doenças, o que se faz com um estilo de vida saudável e prevenção. E o exame
periódico faz parte da prevenção.
Que tipo de câncer atinge nossa região? Por quê?
Os
tipos mais comuns de câncer na nossa região para homens é o de pulmão e de
próstata. Entre as mulheres, o de mama e o de câncer de colo de útero,
seguindo-se ainda como muito prevalente o de pulmão. O câncer que causou mais
mortes, considerando os dois sexos, foi o de pulmão, com 2.964 vítimas em 2010,
o que representa um aumento de quase 800 mortes num período de 10 anos, já que
em 2001 ele matou 2.187 pessoas. Entre os homens vale destacar ainda o câncer
de próstata, que matou 764 homens em 2001 e este número aumentou para 1.090 em
2010, portanto uma elevação considerável na década. Nas mulheres, o câncer de
mama matou 872 mulheres em 2001 e 1.145 em 2010, ou seja, um número que cresce,
também. Já o câncer de colo de útero matou 262 mulheres em 2001 e 267 mulheres
em 2010, o que demonstra que o exame preventivo tem ao menos mantido os números
absolutos estáveis.
Mas,
além destes, todos os outros tipos de câncer estão presentes. Os motivos são
variados, mas as explicações mais aceitas são o tabagismo, que ainda é o grande
vilão, os hábitos de vida pouco saudáveis, o consumo de produtos químicos
presentes em alimentos, o contato com agrotóxicos e aí por diante. A lista das
causas é grande. Mas, o que cabe aqui ressaltar é que nós não somos diferentes
de qualquer outra região, ou seja, todos estão sujeitos a ter câncer e para
evitá-lo só tem um jeito: lutar contra ele.
Como devemos nos cuidar?
Bem,
esta é uma pergunta complexa. Há muitas formas e a recomendação que poderia dar
neste espaço é: interesse-se pelo assunto, independentemente da sua idade. Na
televisão, no rádio, jornais e revistas, seguidamente temos reportagens sobre
isto. Outro lugar excepcional para buscar informações é com os profissionais de
saúde, tanto da rede pública de saúde, quanto da rede privada. Não importa
quem, todo o profissional de saúde pode ajudar. Consulte seu médico
regularmente. Além disso, ajuda muito se o fumante parar de fumar, se fizer
atividades físicas regulares, se não consumirmos produtos químicos em excesso.
Isto garante? Não, ainda assim podemos ser vítimas do câncer. Mas, a ciência já
mostrou que quanto mais nos aproximamos das causas do câncer maiores as chances
de haver a doença.
Quanto o estado gasta com tratamento de câncer
na região?
Este
é um cálculo complexo. Mas é muito dinheiro. Por que é complexo? Por que há
investimentos nas equipes de saúde, nos profissionais que estão na rede de
saúde para orientar. Há exames básicos que são ofertados, há exames de média e
alta complexidade que dão suporte para o diagnóstico e há o tratamento em si,
que pode ser cirúrgico, quimioterapia, radioterapia. Enfim, é um gasto enorme,
não só do estado, mas também dos municípios e da União. Na região o Hospital
Bruno Born é a referência para assistência em quimioterapia e radioterapia pelo
SUS.
As operadoras de saúde, que vendem os planos
de saúde, também já sabem do tamanho da conta e por isso estão trabalhando o estímulo
à prevenção também, tanto quanto o setor público. O aumento do número de
mamografias é uma forma de segurar a conta, visto ser muito mais barato pagar
um exame como a mamografia bilateral de rastreamento, detectar precocemente e
resolver o problema da mulher cedo, do que o gasto futuro com radioterapia,
quimioterapia, medicamentos caríssimos. E é preciso levar em conta que,
descobrindo o problema cedo as chances de um desfecho positivo aumentam muito
para a mulher. Mas, seguramente, o gasto é na casa dos bilhões de reais no
Brasil todo.
Qual a melhor conscientização?
É o
autoconhecimento. É dar-se conta de que nosso corpo é único, nossa única morada
e é ele que nos garante a possibilidade de vida. Ter esta consciência já nos
impulsiona para a ação, via uma vida saudável e as medidas de prevenção
rotineira, com exames periódicos. Não tem outro jeito. Muitas pessoas não tem
essa consciência e é aí que a saúde pública deve agir, a imprensa pode
contribuir, aperfeiçoando a comunicação em saúde. É um caminho longo, mas
necessário, que vem sendo feito e com resultados animadores.
Como começar a se cuidar?
Para
responder essa pergunta me aproprio de uma expressão usada no AA (alcoólicos
anônimos): “só por hoje”. Comece a se cuidar só por hoje e a cada manhã renove
este propósito. Só por hoje vou ter hábitos saudáveis, sem consumir em excesso,
sem fumar. Só por hoje. Se a cada dia tivermos esta consciência de que é
necessária certa harmonia entre corpo e mente, tudo fica mais fácil. Isto acaba
por se incorporar na nossa vida e a saúde é a consequência.