quinta-feira, 30 de maio de 2013

Tempo

Tempo
Então vamos ver se é possível acreditar
E pensar que o que se foi, se foi
E o que virá, virá
E que entre os meios de tudo isso se faz a luz
Que ilumina o que precisa ser iluminado
E, então, um lampejo e a esperança
 De ver que existe o caminho, a trilha
E um pouco mais de fé na alma
Estrelas que iluminam devaneios
De gatos pardos da madrugada
E, e, e, e agora? Vamos embora?
Sobra pouco, não sobra nada, sobras
De tempos outros
Outros tempos
O tempo
Tempo

... 

domingo, 26 de maio de 2013

Bicicletas, ciclovias e o vereador Sergio Rambo

Eu sou absolutamente favorável às bicicletas. São ecológicas, saudáveis, estimulam a convivência. Tenho amigos inestimáveis que se aventuram por 400, 600 km. Temos bicicletas aqui na família e, embora não seja um praticante assíduo, de vez em quando encaramos a "magrela". O caso aqui é o debate em Lajeado em torno da fala do vereador Rambo, na última terça-feira, e que está gerando uma grande repercussão. Eu não estive na sessão da Câmara. Por isso, fui a site da rádio Independente (abaixo o link) para ouvir o que exatamente foi dito. Eu creio e digo sempre que é muito perigoso emitirmos opiniões sobre tudo e todos sem estarmos por dentro do que se trata. Fala-se com o coração apenas, sem a reflexão necessária, e isto muitas vezes leva a opiniões rasas. 
O título da matéria retrata exatamente o que o vereador aponta: pensar sobre a fixação de horários específicos para uso da ciclovia e, ao mesmo tempo, liberando o estacionamento de veículos em outros horários. O tema é polêmico por si só e o vereador foi muito corajoso por abordá-lo. Merece palmas pela coragem, afinal a câmara de vereadores é, também, lugar em que se debate a cidade e suas encrencas. E o conflito excesso de veículos, falta de lugar para estacionar, subcultura do uso da bicicleta, transporte urbano insuficiente é hoje um tema recorrente em qualquer cidade de médio ou grande porte. Apontam-se soluções, sempre paliativas, que resolvem por um tempo, apenas.
Limitar horários em ciclovias é uma solução estranha, ainda mais que a prefeitura (leia-se nós, contribuintes) gastou R$ 980 mil reais, segundo informações colhidas. É uma fortuna! Mas os argumentos do vereador são contundentes: na maior parte dos cerca de 20 km da ciclovia, são raras as bicicletas. E isto nos coloca em outro brete: como fazer com que a bicicleta seja um meio de transporte mais cotidiano? Eis o ponto: mudar a cultura do automóvel, tão "fácil" de ser adquirido, tão estimulado pelo mercado que vende.
Eu quero dizer que não me agrada a ideia do vereador Rambo, prefiro que se estimule a bicicleta e que ela seja respeitada no trânsito do dia a dia (o que não é, vide o número de ciclistas que são atropelados). Mas, saúdo-o pela coragem de mexer na abelheira. Isto é muito necessário para que o tema seja debatido. Mexe com brios e isto pode, inclusive, fazer com que todos nós pensemos em alternativas outras que não limitar a ciclovia. Como reduzir o número de veículos nas ruas? Como fazer com que a gente use mais o ônibus? Como fazer com que a bicicleta não seja apenas uma companheira do fim de semana, mas sim do dia a dia? Sim, muitas perguntas. Respostas? Elas cabem a cada um de nós. É um problema de todos nós. O problema é que cada um de nós quer manter o seu direito de dirigir e estacionar e joga na conta do outro que mude sua cultura. Ou seja, "meus problemas é o que importam". Será que é isso mesmo? Os problemas do trânsito são de todos.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

FISIOTERAPIA TEM NOVO CÓDIGO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA


No dia do hoje, 23/05/2013, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), a Resolução COFFITO nº 424/2013, aprovada em reunião plenária do conselho realizada em 05 de maio, em Curitiba, e que trata do novo Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia. O texto está às páginas 142, 143 e 144 do DOU. Segundo consta no artigo 56, ele entra em vigor dentro de 60 dias. 

É um documento histórico, que substitui a Resolução COFFITO nº 10, de 1978 (há 35 anos, portanto). O novo texto pretendeu atualizar a deontologia profissional e, a partir disto, servir de parâmetro para a atuação ética na profissão. É um documento construído a muitas mãos, em um processo iniciado sob a gestão do presidente do COFFITO, Dr. Roberto Mattar Cepeda.

Desde o primeiro seminário, no final de 2009, até este mês de maio, uma série de discussões foram travadas. Assumi a presidência da Comissão Superior de Ética e Deontologia da Fisioterapia (CSEDF) no final de 2010. Na gestão 2008-2012, foram parceiros inomináveis o Dr. Adamar Nunes Coelho Junior (MG) e o Dr. Wilson Leitão (PB), então membros da CSEDF. 

As versões preliminares foram colocadas em consulta pública, passaram pela revisão de todos os CREFITOS e colheram a opinião de muitos colegas espalhados pelo Brasil. De alguma forma, quem quis participar pôde fazê-lo, ao longo do processo. 
Vale registrar ainda que neste mesmo dia a Terapia Ocupacional conquistou o seu Código de Ética e Deontologia, via Resolução COFFITO nº 425/2013. Este é um fato a ser notado: na Resolução de 1978 tínhamos apenas uma resolução que contemplava as duas profissões; hoje optamos por publicar duas resoluções, uma para cada profissão, considerando as especificidades de cada profissão e, com isto demarcando o protagonismo social de ambas as profissões.  

Obviamente que o texto haverá de suscitar dúvidas, gerar debates, eventualmente haverá críticas, o que é normal e esperado quanto à um documento que implica em questões fundamentais da vida profissional dos fisioterapeutas. Mas, de alguma forma, me sinto extremamente feliz neste momento, pois modestamente, com a ajuda de muitos, fizemos parte desta história forjada no dia a dia.
Parabéns a todos (as) que se envolveram e que possamos demarcar nossa conduta na ética pautada na vida. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Quando os olhos veem o coração não ignora


Tem uma frase comum que se diz com certa frequência e que é assim: “o que os olhos não veem o coração não sente”. Pois, por muito tempo, na nossa sociedade, tudo que era tocante ao coração, que fazia sofrer de alguma forma, nós tratávamos de tirar do alcance dos olhos. Se lermos a Bíblia, na época de Cristo, isto ocorria com os leprosos, com os lunáticos, as prostitutas, entre outros. Desde aqueles tempos os diferentes eram subjugados a um segundo plano, não faziam parte da sociedade e, como tal, não podiam conviver livremente entre os “bons”.

Muitos séculos se passaram até termos a esperança de que alguma coisa mudasse, de fato. Na idade moderna continuamos a excluir os diferentes, os “anormais”, os loucos, os doentes, os marginais, enfim, todos aqueles que não compartilham do padrão de “cidadão ideal”. Surgiram os hospícios, os presídios, os hospitais, instituições totalitárias nas quais o interno não tem poder sobre si mesmo. E, neste contexto, muitos abusos foram cometidos, muitas crueldades, muita gente morreu ou foi excluída do convívio do mundo, para sempre.

É recente a luta por mudar esta crueldade, coisa de algumas poucas décadas. No caso do portador de sofrimento psíquico, do “louco”, não mais do que uns trinta anos. A Semana da Luta Antimanicomial, em andamento, é o período do ano em que marcamos esse momento, o fim da expansão dos manicômios/hospícios, nos quais sumiam as almas daqueles desafortunados que, por algum motivo, internavam neste lugar. Eletrochoques, camisas de força, excesso de medicamentos, violação de qualquer direito era a prática.

Nesta segunda-feira ocorreu um ato simbólico em Lajeado, no qual usuários dos CAPS, trabalhadores da saúde, estagiários da Univates, familiares, ocuparam por cerca de meia hora a nossa Rua Júlio de Castilhos. A intenção não é tumultuar o trânsito. Pelo contrário, os fiscais do trânsito fizeram um trabalho magnífico e nada de anormal aconteceu. O objetivo do ato foi colocar à frente dos olhos de todo mundo, para que o coração se mantenha saudável, se importe, não endureça na indiferença que ainda campeia por nossos tempos. Alcançamos os objetivos? Sim e não. São tempos de alegrias, pois muitos aplaudiram. Mas, é também um tempo triste, no qual muitos viram a cara, não se importam, excluem, subjugam, se aproveitam do outro. Mas, é tempo de esperanças também, visto que a arte da vida se faz na vida do portador de sofrimento psíquico e há muitos dispostos a ajudar nesta tarefa de cada dia.