quinta-feira, 26 de maio de 2016

O relato de uma experiência e um agradecimento ao grupo Nascer Sorrindo de Lajeado

Em 1997, numa sexta-feira de chuva, de tarde, eu era secretário de saúde de Teutônia e avaliava dados de partos normais e cesários naquele município e me chamava a atenção como as cirurgias aumentavam ano a ano, enquanto o parto natural decaia. De lá para cá a tendência continuou a mesma e o percentual de partos cesários só aumentou, apesar dos esforços para reverter isto. 
Meus primeiros dois filhos nasceram na década de 2000, ambos partos cesários. Caprichamos no pré-natal, com consultas e exames e a vontade de ter o parto normal como primeira escolha. Não rolou, por vários motivos, que não vale alongar aqui.

Em 2013, já como secretário de saúde de Lajeado, a partir de sugestão de Eliana Cattoi, psicóloga, minha comadre, mãe de dois filhos de parto natural, surgiu a oportunidade de realizar um evento, em parceria com a UNIVATES, com foco no parto natural/normal humanizado. Vieram o médico obstetra RICARDO JONES, de Porto Alegre, e sua esposa, enfermeira que não recordo o nome. Não lembro o dia exato, mas foi um grande evento. A plateia nem respirava, vidrada na enxurrada de informações e provocações.

Não tenho certeza disso, mas me contaram que na plateia havia apenas dois médicos obstetras. Uma delas é CAROLINE CHIARELLI, profissional natural de Lajeado mas atuando em Muçum, Encantado, Roca Sales e também em Lajeado. Outro dia li um relato de CAROLINE num blog. Muitas pessoas naquele dia, naquela plateia, num evento proporcionado pela Comissão de Integração Ensino Serviço (CIES), Secretaria de Saúde de Lajeado e UNIVATES, voltaram seu olhar para algo que parecia muito distante. Muitas daquelas pessoas foram fazer, depois, o curso de formação de DOULAS em Porto Alegre. E floresceu ali uma flor bonita, que cresce forte em nosso vale. 
Por aquela época, ainda em 2013 ou início de 2014, nasceu o Nascer Sorrindo Lajeado. A princípio fui em uma ou duas reuniões, as quais eram realizadas em sala cedida pela Secretaria de Saúde de Lajeado. Estas reuniões continuam, sendo a última realizada no Salão de Eventos da prefeitura, já que nossa sala ficou pequena.

Quis a vida que em meados de 2015 nos vimos "grávidos". Uma terceira gravidez. Depois de dois meninos, mais tarde saberíamos que seria uma menina. Desde logo, nas primeiras conversas, a ideia fixa de buscarmos o parto natural humanizado, estimulados por termos assistido o filme O RENASCIMENTO DO PARTO. Marcamos nossa consulta com a Dra. CAROLINE, lá em Muçum. Só conhecendo a pessoa para saber do encanto de criatura que é. 
Tudo correu bem e avançamos no tempo para maio de 2016. Nossa hora do parto natural estava chegando... E a expectativa de que isto ocorresse no dia 13 de maio, dia do meu aniversário. Claro que isto era apenas uma expectativa, a natureza que diria o que viria a acontecer. 
Dia 13, a tarde, consulta médica marcada em Muçum. Estávamos na semana 40, 4º dia. Quase 41 semanas. Do dia 12 para o dia 13 Júlia teve várias contrações. Estávamos na expectativa de que a hora estava por chegar. Fomos a Muçum com os apetrechos e bolsas e afins... prontos para quase tudo. 

A consulta transcorreu normal, exames de rotina e então o susto: na ecografia, o ritmo cardíaco da bebê fixado em 220 a 230 batimentos por minuto. Dra. Caroline tentou não transparecer tensão, mas falou calmamente que precisávamos averiguar melhor a situação. A consulta foi as 18 horas. Entre 19h15 e 19h45 fizemos um exame MAP em Encantado, no hospital. E, por todo o tempo, nada de baixar a taquicardia. "Precisamos conversar", disse CAROLINE. Respirei fundo. Com tranquilidade, CAROLINE nos colocou da sua apreensão, da intranquilidade da situação, e da definição de que em uma situação assim, em benefício da bebê, a cesária era a indicação mais segura.

O que a gente pensa numa situação dessas?

Das opções, optamos pelo parto cesário no hospital Nossa Senhora Aparecida, em Muçum, com a garantia de que seria um parto cesário humanizado. Avisamos SABRINA FRISTSCH, nossa doula, do desfecho. Avisamos a madrinha do LUCAS, a VANIRA, que estava com os meninos, e saímos de Encantado para Muçum.
Na viagem de 15 minutos o silêncio total. Um suspiro e outro e a frustração de que nem tudo na vida pode ser como queremos, pois não temos domínio, de fato, sobre os fatos da vida. Chegamos a Muçum e encontramos a enfermeira ANA ROSA, conhecida minha de a muito tempo. Nos recebeu com um grande sorriso. 
Fomos imediatamente acomodados e preparados para a sala cirúrgica. O anestesista, Dr. Brancher, a pediatra, Dra. Madelaine, o cirurgião auxiliar, Dr. Amorim, e a DRA, CAROLINE, além da equipe de enfermagem. Fiquei junto todo o tempo, filmando o parto com meu celular. Nem deu tempo de SABRINA chegar de Estrela. O parto em si, como descrever? Foi tudo muito rápido, muito lindo, "diminui a luz para Camila", disse CAROLINE, "vem Camila, vem pra tua mãe"... "Júlia, olha o presente", ... , não chorei, estava tranquilo, e a bebê nasceu forte. Foi imediatamente colocada junto a mãe, o cordão umbilical foi cortado no tempo certo, ao parar de pulsar, sendo que o último corte foi meu.
Saímos, Camila e eu, acompanhados da pediatra e da enfermeira para outra sala enquanto Júlia terminava a cirurgia. 
Nessa hora SABRINA chegou. Logo, literalmente, mandou eu tirar a camisa e abraçar CAMILA, pele com pele, um abraço quente e gostoso, da menina com seu pai. Coloquei a primeira fralda, a primeira roupa. Depois fomos ao quarto preparado para o parto humanizado. Uma cama de casal. A essa hora Júlia já vinha chegando, sob os efeitos da anestesia. Camila foi colocada com Júlia e aconteceu a primeira mamada, sem dificuldades, numa sintonia, numa harmonia, a natureza agindo, o amor de mãe, o amor de filha, o amor no ar. Era 13 de maio. O nascimento aconteceu as 21h34. O meu presente estava ali. No mesmo dia, 13 de maio. 

A noite foi tranquila, acreditem.

No dia seguinte, de manhã, fui a Lajeado buscar os meninos. Foi bonito de ver, as 11h, o primeiro contato dos meninos com sua maninha. Emocionante, nós CINCO ali, juntos, pela primeira vez. 
Agora somos CINCO. E somos UM. Somos uma família, que vive e sofre, que é feliz, que luta, que tem sonhos e esperanças. 
O grupo NASCER SORRINDO LAJEADO precisa seguir, fortalecer-se, crescer, estimular mais pessoas a conhecer este universo de afeto, de amor. 
A vida vai seguir, mas cada dia é uma nova aventura e é isso que faz tudo ser perfeito. 


terça-feira, 24 de maio de 2016

Doce

Teus olhos doces despertam amores
E no colo vivo o ronronar sonoro
Vida plena
Envolta
Na alma serena

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Felicidade II - para mamãe

(poesia com coautoria de Arthur BS)

A felicidade que eu sinto
Quando estou contigo
Com o teu amor
Que me traz saúde
Com o teu carinho
Me deixa bem
E é o teu afeto
Que me faz feliz

terça-feira, 10 de maio de 2016

Felicidade

Felicidade é ver o amor circulando na vida, com afagos no rosto,
Perceber o movimento incessante do pulsar do coração
O ritmo cadenciado do respirar
A possibilidade do ócio  bem vivido
E da produção de algo que tenha sentido
Felicidade é viver o momento

domingo, 8 de maio de 2016

Preconceito, justiça e injustiça: a miséria humana


Outro dia um cidadão de Lajeado, do alto dos seus 'direitos', lascou na minha cara: "por que eu sou brasileiro, eu mereço, e vocês ficam oferecendo coisas da saúde para essa negada do Haiti, para esses de Cuba... isso é injusto, eu pago imposto".
Doeu nos ouvidos, doeu na alma.
É a miséria humana falando.
O cidadão tem seus motivos, é eleitor, provavelmente pagador de impostos, e defendia o seu interesse individual; nada a obstar quanto a isto. Agora, o rompante da ira, a desqualificação do outro, revelam o preconceito que está na mente e no corpo, abrindo espaço para a injustiça.
Eu, você que lê este texto, somos nascidos e crescidos dentro de trajetórias individuais e nisto enfrentamos nossos próprios problemas.
Para alguns, conquistar algo demandou mais esforço. Para outros, as coisas vieram mais facilmente.
É da vida, da sorte, do "bem nascer".
Mas isto não nos coloca na condição de nos julgarmos melhores que qualquer outra pessoa.
Ser brasileiro, gaúcho, lajeadense, não nos qualifica como especiais, como supra-sumos, como seres com direitos superiores a qualquer ser humano.
Des(qualificar) o outro com expressões racistas, pejorativas, denegrindo o humano pela sua cor, sua orientação de gênero, sua classe social, seu local de nascença é a expressão da falta ética em que estamos embrenhados enquanto sociedade. Dá para se falar páginas e páginas sobre isso. Vou parar por aqui... estou aqui apenas desabafando...

Nascer Sorrindo


Eu tenho a experiência de ser pai.
Não sei se sou bom pai; quem deve julgar são os filhos, ninguém mais.
Ser pai é uma experiência indescritível,
Quando nos damos o tempo de olhar para os filhos, senti-los.
Dia das mães, que bom, que legal, importantíssimo marcar o amor de mãe,
Que nutre a esperança em dias melhores neste mundo,
Um mundo um tanto quanto carente de luz.

Luz, dar a luz, ver o mundo pela primeira vez, ao nascer.
Ver o mundo pela primeira vez na condição de mãe.
Ver o mundo pela primeira vez na condição de pai. 
Nascer sorrindo, banhar-se nas lágrimas da emoção

E sentir o peito pulsar um amor incondicional

terça-feira, 26 de abril de 2016

Breno

Qual a mágica de desempenhar o papel de pai? ‪#‎paidemenino‬. É algo indescritível, algo que supera a própria existência e, nesta 'vibe', nos faz rodopiar mundo afora. 

Hoje meu pai está de aniversário: 26 de abril. Lá se vão longos anos de muita luta de seu Breno, sempre amparado no braço forte da mãe Elvira. Com muita dedicação, sem pressão, com compreensão, souberam conduzir seus dois meninos, com sabedoria. 


Erraram, acertaram, mas sempre souberam, com maestria, olhar para aqueles inocentes de olhos brilhantes e curiosos. Segue a vida, filhos criados e crescidos, netos para alegrar e confortar. 

26 de abril é um dia especial para seu Breno, seu aniversário e também a data de seu casamento, há algumas décadas atrás. Um abraço público, hoje e sempre, no carinho do abraço de pai para filho.

domingo, 24 de abril de 2016

A banalização da opinião

Qual é a tua opinião sobre as novas tecnologias da reprodução humana? Para e pensa um pouco sobre isso e emite uma opinião com certa profundidade. Eu parei aqui e pensei sobre isso e me dou conta que não tenho opinião nenhuma. Para começar, precisamos pensar sobre duas coisas; de que tecnologias estamos falando e quais aspectos da reprodução humana a questão aborda?

Estas primeiras palavras são apenas para demostrar que somos instigados a dar nossa opinião sobre tudo a todo momento, cada vez mais, ao vivo e em redes sociais. Se não manifestamos nossa opinião, a favor ou contra uma concepção, nos tornamos sujeitos em cima do muro, sem opinião e, vez ou outra, somos taxados de alienados.

Na realidade, na minha opinião, banalizamos a opinião, nos colocando na obrigação de falar ou escrever sobre qualquer coisa sem antes refletir sobre aquilo, amparar nossas colocações e buscar a teoria por trás de nossa posição. O resultado, muitas vezes, é um desastre: sai qualquer coisa da boca, muita bobagem, muito senso comum, muita repetição de palavras que talvez não quiséssemos revelar se nos déssemos  o tempo de pensar um pouco. 

As redes sociais tem se prestado a este tiroteio opinativo. A qualquer momento é possível, na linha do tempo, ler pessoas opinando sobre temas sem se dar ao tempo de refletir sobre o post que gerou a necessidade de se manifestar. 


Mas, somos livres e temos todo o direito de opinar sobre tudo e sobre todos. O fato de escrever sobre algo não deixa de ser sinal de que o tema nos mobilizou, de alguma forma e com isso nos invocou a uma reflexão. Pronto, temos o impasse. Ao fim e ao cabo, se você leu até aqui, não precisa opinar sobre esta reflexão que no fundo não leva a lugar nenhum, salvo ter provocado uma reflexão sobre o status quo nas linhas do tempo do facebook. Boa semana a todos.