sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Interesses impedem que se discuta a questão presídio com seriedade

Kniphoff critica forma como o problema está sendo conduzido

 

Lajeado – O vereador Sérgio Kniphoff criticou duramente a forma como o governo do Estado e a administração pública municipal estão conduzindo a discussão e tomando decisões a respeito da construção de um novo presídio em Lajeado. Segundo ele aspectos relevantes estão sendo deixados de lado em nome de interesses menores, como questões eleitoreiras e o imediatismo financeiro. "Ninguém é tolo ou ingênuo a ponto de negar que a situação prisional está um verdadeiro caos em toda a parte, inclusive em nossa cidade, e que isso requer uma ação enérgica no sentido de se buscar solução. Mas estão acontecendo coisas que afrontam as leis, a democracia e a inteligência das pessoas, no que se refere à obra proposta para Lajeado", afirma ele.

 

O que se estranha, em primeiro lugar, é que poucos dias antes de uma eleição na qual a derrota da atual governadora se mostra como inevitável, ela venha propor a construção de cinco novos presídios, destinando para isso recursos muitas vezes maiores do que os apontados em projetos anteriores, dinheiro que entregará para quem bem entender, sem licitação. "Um problema que ela não enfrentou em três anos e oito meses, quer ver resolvido em duas semanas. Deu dez dias de prazo para a elaboração dos projetos, o que é impossível para empresas de qualquer porte e evidencia que na verdade já tinha alguém com eles prontos", suspeita o vereador.

 

Kniphoff, entretanto, aponta como ainda mais graves outras situações. Reafirma que a lei está sendo desrespeitada, uma vez que não há estudos conclusivos de impacto ambiental e de vizinhança, entre outros detalhes. Ressalta que o local se revela inapropriado por ser na margem de uma rodovia, próximo de escolas e da futura arena do Lajeadense, e estar ao lado da aldeia indígena. Também lamenta o atropelo cometido na primeira audiência pública, bem como a falta de respeito ao não ser ouvido se a obra é ou não aceita pela maioria da população do entorno.

 

Segundo informam funcionários do atual presídio, não mais do que um terço dos seus ocupantes são moradores locais. Com 800 vagas, o novo terminará recebendo ainda mais pessoas de fora, o que torna previsível que centenas de famílias buscarão residência em Lajeado, para manter proximidade e contato com os apenados. "Isso é algo humanamente aceitável. Mas os recursos que agora serão imobilizados no prédio e vão gerar lucros para quem construir e empregos temporários para quem trabalhar na construção, não cobrirão os custos sociais posteriores", garante Kniphoff. O vereador pergunta como se dará infra-estrutura não apenas para os atuais moradores dos arredores, muitos dos quais carentes, mas para todos os milhares de novos. "Precisaremos de habitações, saneamento básico, saúde, educação, iluminação pública, empr egos, segurança. E esta conta não está sendo feita por pessoas que de forma demagógica e oportunista acusam de ser contra a construção todos os que desejam debater a problema com seriedade", conclui Kniphoff.

 

17.09.2010


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