Nas últimas semanas a questão das UTIs pediátrica e neonatal
está na pauta dos debates. Falamos muito da UTI de Lajeado. É preciso lembrar
também daquela que está no Hospital Estrela. Nossa rede de UTIs na região, à
princípio, seria suficiente (ou quase) se só atendêssemos à população do Vale
do Taquari. Mas não: hoje, com a rede estadual, atendemos um percentual alto de
crianças de outros lugares. E, eventualmente, crianças nossas acabam por ser
deslocadas para outros lugares. Triste realidade, mas necessária frente à
carência de leitos e à má distribuição dos mesmos pelo estado. Há cidades com
muitos leitos de UTI. Há regiões que praticamente não tem leitos. O motivo
disto é que é caro implantar um leito de UTI. E muito caro mantê-lo também. As
portarias ministeriais, formuladas tecnicamente, não estão erradas: o que se
quer é que a criança (e o adulto) que interna na UTI seja atendida dentro de
padrões técnicos especiais, minimizando riscos e mortes. Quando isto não
acontece, o percentual de óbitos aumenta e isto ninguém quer.
O problema é que as portarias mexem em estruturas
consolidadas e periodicamente exigem que os serviços se qualifiquem. Por
exemplo, não faz muito que a evolução da legislação exigiu que as equipes que
trabalham na UTI tivessem qualificação específica, formação posterior à
graduação. Isto, do ponto de vista da técnica e da sobrevida dos pacientes é
bom. Mas encarece o atendimento. Há então uma pressão sobre o hospital para que
se adapte e normalmente são dados prazos para isto. É o caso que vivenciamos
agora: novembro é o prazo.
A questão então é que os passos no campo da política já
estão sendo dados. Na semana passada vimos o deputado Ênio Bacci acenando com
recursos via emendas parlamentares. A Secretaria Estadual de Saúde acena com
apoio. Eu mesmo, dia 09/01, em reunião com Márcio Slaviero, coordenador do
Departamento de Coordenação das Regionais de Saúde, da SES/RS já manifestava a
preocupação quanto a conciliar a técnica com a política. Não é possível
simplesmente desfazer o que está instituído. Nossas UTIs pediátricas trabalham bem,
têm profissionais que se capacitaram para este trabalho e vêm desenvolvendo um
bom trabalho. Fechar UTIs não é a solução. Adequar-se, dentro do devido prazo,
com os recursos que forem necessários, parece ser o caminho óbvio. A partir
disto, me parece óbvio que é possível sairmos bem dessa “sinuca de bico”. Todos
dizem que no nível federal temos recursos para investir em saúde, “basta termos
bons projetos”. Bem, sendo assim, formule-se o projeto e encaminhe-se. Conheço
a direção do HBB e imagino que o projeto já esteja pronto, ou quase. Tenho fé
que a questão vai ser bem resolvida. Desde já nos colocamos a disposição para
participar desta cruzada em benefício de nossas UTIs.
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