Hoje começamos um novo ciclo neste município. A
população lajeadense, em outubro último, escolheu por ampla maioria, que era
tempo de experimentar algo novo. Depois de muitos anos de um mesmo estilo de
fazer as coisas, é hora de vivermos um novo período, uma nova agenda, de
respirarmos os ares da novidade.
Em julho deste ano, no início da campanha eleitoral, o
Instituto Methodus realizou uma pesquisa eleitoral. Os resultados foram
publicados no Jornal O Informativo do Vale. Na pesquisa perguntaram sobre os
problemas de Lajeado e a primeira prioridade apontada foi a SAÚDE. Isto nos
chama a atenção e nos coloca na obrigação de levarmos isto em conta.
Desde meados de outubro, vencidas as eleições, nós
viemos conversando com representantes do comando municipal que saiu. Por duas
vezes, informalmente, conversamos com o ex-secretário. O que nos é mostrado é
que tudo está de acordo, que a Secretaria da Saúde funciona bem e que todos
estão de certa forma, felizes. A voz das ruas não nos diz isso. A pesquisa de
julho aponta para outro lugar e isto nos preocupa e é isto que vai focar nosso
jeito de trabalhar: precisamos conversar
mais com a população e conversar mais com os colegas de trabalho para
sabermos, com mais clareza, quais são os problemas que temos nesta relação e
que nos levam a esta sensação de que as coisas não vão bem.
O prefeito Luis Fernando Schmidt, na sua trajetória,
tem afirmado e reafirmado que o DIÁLOGO será uma busca constante desta nova
gestão municipal. Na Secretaria da Saúde vamos cumprir com isto,
incansavelmente. É da natureza do trabalho em SAÚDE conversar, comunicar-se,
ouvir o que o outro quer dizer e dar a resposta que este precisa. Comunicar-se
bem é a chave para o sucesso e nós vamos nos comunicar mais e melhor com a
população. O secretário e seu staff vão estar permanentemente ao lado de vocês
todos, e o trabalho de vocês é o nosso trabalho.
Para tanto, precisaremos ousar mais, fazer algo
diferente, que marque positivamente a vida das pessoas. A SAÚDE é coisa mais
importante na vida das pessoas, a parte mais sensível. Nós sabemos que muitas
vezes só nos damos conta disso quando a doença se instala. Isto acontece
conosco, comigo, com vocês. Por que não aconteceria com ou outros também? É um
desafio mudarmos hábitos de vida e isto será talvez o nosso grande desafio:
trabalhar mais com a saúde, com a promoção e a prevenção. Mas, chegaremos lá.
No campo da saúde não dá para parar tudo e recomeçar.
Não podemos, a partir de hoje, simplesmente mudar tudo. Temos um "carro
andando que precisa ser ajustado" e estes ajustes ocorrerão. Ha questões que
serão resolvidas a partir de hoje. Mudanças ocorrerão, mas com a
responsabilidade de ajustar da melhor forma possível os diferentes interesses.
De antemão, sabemos que haverá contrariedades, mas isto faz parte do ciclo da
vida, na qual nem sempre as coisas acontecem conforme queremos.
Hoje a SESA é uma das maiores estruturas de saúde da
região do Vale do Taquari, pela sua diversificação. Vocês fazem parte disso.
Nós fazemos parte disto e fazer bem feito é aquilo que queremos. Somos um grande
grupo de profissionais imbuídos de uma função pública, de um trabalho, o nosso
ganha-pão; mas também envoltos numa missão maior que é prezar pela vida das
pessoas, desde a gestante, da pequena criança indefesa, da pessoa com deficiência,
jovens, adultos, trabalhadores ou não, e idosos. Pessoas que são diferentes
quanto à idade, quanto ao sexo e gênero, quanto ao pensamento, raça e etnia.
Pessoas que têm preferências, que têm desejos, que são cidadãs e que precisam
ser respeitadas na sua cidadania.
Vivemos um sistema universal de saúde, um sistema único,
no qual eu acredito. Desde 1997 eu trabalho neste meio. Desde antes, na
faculdade, já defendia que as pessoas têm direitos e estes são inalienáveis. Um
sistema que contrapõe a ideia de que a saúde e um negócio. Um sistema que
ultrapassa em muito esta superficialidade com a qual a vida e tratada hoje em
dia, em muitos lugares. A vida vale a pena e a nossa missão e prezar por ela.
Sabemos que esta função, esta missão, não é fácil. Precisamos
conciliar o que precisa ser feito com o que e possível. Temos carências de
recursos, temos carência de soluções, temos carências de pessoas, às vezes. Mas
isto não impede que a gente caminhe para frente, que estejamos sintonizados em
torno de um bem maior, algo bonito e que satisfaça nossa caminhada.
Começamos o ano de 2013 sob o signo da mudança. Não é
apenas um calendário novo, ou uma agenda em branco. É natural que alguns de vocês tenham certa
ansiedade sobre isto. E natural, pois, apesar de sempre querermos sair da
rotina, há uma tendência natural de todos nos acomodarmos na segurança da
rotina. Fazer tudo igual sempre parece que nos defende do incerto. Mas sabemos que
a vida não é igual todos os dias, que coisas novas acontecem, para o bem e para
o mal e, neste sentido, precisamos fazer diferente, pensar agora no agora,
considerando nossas experiências passadas e levando em conta o que vem pela
frente. Prevenir eventos, promover a saúde e cuidar da vida sempre, é o que
queremos, conforme já dissemos.
Mas a pergunta é: o que muda?
Há muitos anos convivo com os gestores da saúde de
Lajeado que estão de saída. Respeito sua forma de conduzir as coisas. Mas é
importante todos saberem que quem entra é diferente. Faremos as mudanças que
julgarmos necessárias, no tempo certo, sem atropelos, tentando sempre minimizar
as dificuldades da principal parte interessada em nosso sucesso: a população.
Há mudanças que serão discutidas com as equipes de saúde.
Vocês perceberão as mudanças aos poucos, no convívio do dia a dia. Precisamos
gerir bem esta casa, mas precisamos também que ela seja humana, que pense
conjuntamente, que ela seja a construção coletiva das ações de saúde. As
pessoas na rua anseiam por ser escutadas e precisamos dar ouvidos a elas. A
SESA não é uma loja, não vende um produto. Nós lidamos com outra coisa, algo
muito diferente: lidamos com sofrimento, com vida, com alegrias e tristezas.
Isto nos atinge, isso mexe conosco e isto nos faz sermos uma das áreas da
política pública mais sensível.
Os gestores mudarão. Aos poucos vamos ajustando o que
for preciso, reorganizando pessoas e posições, se assim julgarmos necessário.
Repeitaremos individualidades, mas pensaremos sempre no coletivo, na causa
maior. Este é o nosso propósito. Precisamos de pessoas responsáveis, que amam o
trabalho, que sentem prazer no que fazem. A má vontade, o desprazer, o uso e
abuso de sua posição de uma forma negativa não serão tolerados. Não temos este
direito.
Vamos rediscutir a relação da SESA com o controle
social e evoluir na relação com o papel do controle social. O Conselho
Municipal de Saúde será reafirmado, reconhecido e fortalecido. Implantaremos
conselhos gestores, com a participação da comunidade, nos serviços de saúde.
Dialogaremos com a população e vamos construir soluções conjuntamente.
Significa dizer que nenhum de nós, sozinho, é dono das estruturas públicas.
Para nós é ponto inicial que nossa rede de saúde seja
qualificada e isso só acontece se pensada a muitas cabeças. Pensar junto é usar
da inteligência que está em cada um e cada uma de nós. Aproximar as diferentes
vozes, e fazer com que as coisas fluam de forma natural. Para isso precisamos
de mecânica, de um discurso e de uma prática afinados, de uma equipe de saúde
que coaduna ideias e ações. Nada disso é fácil fazer, mas é possível e nós
acreditamos nisso. Para tanto teremos, desde já, a organização real do Núcleo
Municipal de Educação e Saúde Coletiva (NUMESC). Trabalharemos na POLÍTICA DE
HUMANIZAÇÃO DO TRABALHO em SAÚDE, o que significa dizer que todos os
trabalhadores em saúde parceiros das nossas causas serão valorizados.
Trabalhadores e usuários.
Algumas ações são prioridade e vamos trabalhar para
torná-las realidade.
Vamos tornar a UPA – Unidade de Pronto Atendimento, uma
realidade. Sabemos que há pressa quanto a está ação, mas acreditamos que a sua
implantação é gradativa, visto que é uma novidade importante na região. É uma
estrutura imensa que comportará quando trabalhando completa um total de 103
funcionários, de diferentes áreas. Ali haverá diagnóstico laboratorial, de
imagem, pronto atendimento médico. Isto impactará em toda rede municipal.
Diminui a pressão sobre o pronto Socorro no HBB e impõe que devemos redefinir o
funcionamento da Unidade Básica da Montanha. Mas isto acontecerá no devido
tempo.
A UPA virá para somar. Gerará emprego e será um espaço
de assistência importante. É uma ação da Política Nacional de Saúde, do
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, da Presidenta Dilma, e têm financiamento
federal, estadual e municipal. Caba a nós fazê-la funcionar bem, e é o que
vamos fazer.
O CAPS Álcool e Drogas será uma realidade. Sairemos do
projeto e vamos à prática. Seremos braço operativo importante no combate a
drogadição, não só no tratamento, mas também integrados na política de
prevenção e promoção. Significa dizer que não estaremos presos entre quatro
paredes.
Aliás, toda a política de saúde mental será
reestruturada, qualificada. Reconhecemos o trabalho que foi feito, a história e
construção, mas sabemos que há lacunas a resolver, que precisamos evoluir e dar
um salto de qualidade. Os três CAPS serão desafiados neste processo, a pensarem
juntos, criativamente, e vamos azeitar as estruturas.
Outra proposta que, desde já anunciamos como um
projeto para breve é implantar na cidade o programa Primeira Infância Melhor e
o Brasil Carinhoso, o qual é reconhecido internacionalmente e que aqui ainda
não existe. Isto quer dizer que nossas crianças pequeninas serão olhadas de uma
forma diferente. Com mais afeto, com cuidado, pensando no seu desenvolvimento e
felicidade. Simples assim.
Há pouco falamos do Núcleo Municipal de Educação e
Saúde Coletiva. A qualificação continuada e permanente dos profissionais será
estimulada, dentro de critérios construídos coletivamente. Queremos colegas que
queiram se qualificar, estudar, aperfeiçoar-se. Isto vem em benefício da rede
pública. Mas, maior que isto, estudar significa apostar em si mesmo, ampliar
seus conhecimentos e compreender melhor o mundo. Dia destes ouvi de uma
enfermeira amiga minha a seguinte frase: “adoro aprender coisas novas”. Uma
frase simples, mas impactante. Aprender coisas novas. Um secretário da saúde
não pode ser contra isso, não pode boicotar ou podar a iniciativa de seus
colegas servidores municipais e, dentro do que for do interesse da SESA, nós
vamos apoiar e estimular, podem ter certeza disso.
Para tanto vamos nos amparar, também, na Univates.
Vamos resgatar esta relação, tornando-a proativa, pois isto beneficia a todos.
A ciência, o conhecimento, o processo de ensino e aprendizagem é responsabilidade
do SUS e não vamos escapar desta responsabilidade. A Clínica Universitária
Regional de Educação e Saúde da Univates será nossa parceira. Todas as
iniciativas da Univates que sejam benéficas à gestão da saúde municipal são de
nosso interesse. Já temos algumas experiências conjuntas, como é o caso da
Farmácia Escola. Mas é impossível que a SESA não esteja lado a lado com o a
UNIVATES. Não competimos com a UNIVATES, temos o mesmo propósito: a saúde da
população.
O Hospital Bruno Born, enquanto maior prestador de
serviços ao SUS, será um dos nossos parceiros, compartilhando
responsabilidades. Os outros prestadores de Saúde contratados também serão. Vamos
reconstruir o diálogo e esperamos, sinceramente, que esta relação amadureça.
Temos experiência e maturidade suficiente para construir juntos, mesmo que
vozes pessimistas acreditem que não.
Hoje somos quase 400 funcionários ligados à SESA. Muitos
são concursados, outros tantos são terceirizados, via empresas legalmente
contratadas, tais como o Instituto Continental de Saúde – ICOS e a DIGEST CLIN.
Agora, é importante deixar claro: o chefe, a responsabilidade, é do gestor
municipal. Todos nós somos uma equipe que atua conjuntamente, dentro de um
organograma. As empresas contratadas não trabalham fora da gestão municipal, em
hipótese alguma. Somos parceiros, regidos por contrato. As empresas são
remuneradas contratualmente. Uma relação comercial entre a municipalidade e os
prestadores que, em hipótese alguma, deve se refletir na qualidade do trabalho
desenvolvido.
Ainda, nas relações de trabalho, é importante desde já
dizer que vamos estudar e evoluir o Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Isto
está escrito na Lei Orgânica do SUS, a Lei 8080 de 1990. Vamos avançar nisto,
reconhecendo a importância das profissões e buscando a melhor remuneração
possível.
Para finalizar a fala de hoje, que não deveria ser tão
longa, até por que vamos conversar muito e em muitos momentos, é importante
dizer que nossa secretaria não trabalhará sozinha. Vamos aproximar nossas ações
a outros setores sociais, a outras secretariais, até por que a SAÚDE é
intersetorial. Vamos construir uma ideia de CIDADE SAUDÁVEL, uma CIDADE
PROTETORA DA VIDA.
Para tanto, vamos precisar que vocês nos ajudem a
identificar as potencialidades e as dificuldades de cada espaço de trabalho, de
cada Unidade Básica de Saúde. Precisamos avançar na ATENÇÃO BÁSICA, e na
ATENÇÃO EM MÉDIA COMPLEXIDADE. Vocês são importantes nisto, podem ter certeza.
Enfim, paro por aqui dizendo que estou ansioso com
tudo que vem acontecendo. Uma ansiedade saudável, uma expectativa enorme com a
possibilidade de conhecer pessoas, jeitos, e de fazer algo a mais.
Sei que vocês também estão na expectativa. Mas quero
aqui tranquilizá-los. A vida vai melhorar. Quero ser um bom amigo de todos.
Adoro fazer amigos e se perguntarem àqueles que me conhecem, provavelmente
ouvirão dizer que sou um cara tranquilo.
Começamos hoje a caminhar juntos e faço votos que esta
caminhada seja de realizações.
Prezado Secretário, Desejo-te muito sucesso nesta grande empreitada!Mas além de sucesso,a luz do discernimento para as muitas decisões ainda a tomar.Já me sinto cidadã de uma futura Lajeado saudável. A qualificação e a humanização nos atendimentos é fundamental, mas confesso que adorei ler as palavras promoção e prevenção muitas vezes no texto.Acredito que este é o meio mais rápido e econômico de se fazer saúde.Para ti e tua equipe desejo uma ótima Gestão!
ResponderExcluirAtt
Angelita G.Ewald
Que bençao um secretario que gosta e escreve bem. Paramim,foi uma das indicaçoes mais festejadas pq o conheço desde era coordenador da Saude, creio que em 2000 .parabéns.
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